sábado, 2 de janeiro de 2010

Oitavo Capitulo

ELIAS CASA! COM QUEM?

Mostrar o teste de gravidez a Elias e obrigá-lo a desmanchar o noivado com Sandrina, parecia a Carrapita um método, além de muito gasto e previsível , sujeito a riscos desnecessários, como por exemplo o gordalhufo do Elias querer fazer um teste de DNA para comprovar a paternidade entre outras reacções pouco favoráveis aos planos de Carrapita (escusado será dizer que Carrapita ainda nem sonhava que Elias estava em riscos de perder a mansão onde Carrapita imaginava morar e que o stand de automóveis do pai de Elias estava prestes a fechar as portas, caso o pai de Elias não pagasse à bófia o suficiente para abafar o caso dos carros fanados.
Carrapita resolveu ir falar com o Padre Joaquim, pároco muito respeitado em Valbom e muito amigo de ajudar, especialmente raparigas como Carrapita.
Carrapita contou-lhe, banhada em lágrimas e suspiros, como tinha sido assediada e induzida por Elias a cometer pecados que nem sabia que existiam. E que se cedeu fê-lo por um amor cego e ingénuo. Contou-lhe inclusivamente, o episódio da sodomização, explicando em soluços ao Prior que esta dupla perda da virgindade fazia dela uma mulher condenada ao abandono.
Disse-lhe finalmente que estava grávida e que Elias, não só negava a paternidade, como lhe anunciara que estava noivo de outra mulher.
O Prior Joaquim estava extasiado a ouvir a história da Carrapita, pediu-lhe inclusivamente para ser mais explícita em algumas partes.
Carrapita pediu ao Prior para falar com a mãe de Elias, a Alzira cabeleireira, que era muito devota e que embora, fizesse sessões de espiritismo e medicinas alternativas no seu Salão de cabeleireira, não seria insensível ao pedido do Senhor Prior.
Foi assim que, pela voz de Carrapita, o Prior Joaquim confirmou as actividades suspeitas que Alzira praticava no seu salão, fazendo com que o seu rebanho, em vez de dar dinheiro aos Santos, o dessem à cabeleireira e, pelos vistos, curandeira Alzira.
Carrapita encerrou a sua súplica ao prior dizendo-lhe que era uma rapariga muito grata e que estava ao seu dispor para o que ele precisasse. Sendo certo que fosse o que fosse que o Prior lhe pedisse, seria sempre legitimo, já que se tratava da voz do Senhor.
A promessa de agradecimento de Carrapita fez com que o prior Joaquim se pusesse em campo rapidamente e, nesse mesmo dia, foi falar com Alzira.
O Prior Joaquim, por quem Alzira nutria o maior respeito, dizendo-se muito católica, ameaçou-a de excomunhão por causa das rezas que fazia na loja, caso o filho não honrasse a pobre Carrapita.
Alzira rendida com a vergonha, com medo de falatórios e perda de clientela, alcançou as boas graças do padre confessor, afastando a ameaça de excomunhão através da promessa de obrigar Elias a Casar com Carrapita pela a Igreja.

Para a Semana: Elias casa com Carrapita!!

(Todos os textos são reserervados a direitos de autor, Desenhos by web)

Setimo Capitulo

ELIAS CASA! COM QUEM?

Após inúmeros coitos não interrompidos com Zé sapateiro, Carrapita conseguiu finalmente o teste de gravidez positivo. O esforço físico foi mais que muito. Pois era urgente engravidar em tempo útil, não fosse o Elias ser bom a fazer contas e, perceber, que tinha sido aldrabado. (de qualquer das formas a criança iria inevitavelmente nascer antes do tempo).
Havia um mês que Carrapita desaparecera do universo de Elias.
Elias, sem perceber porquê, tinha perdido o ânimo pela vida. Os encontros com Sandrina eram uma espécie de martírio. Depois do episódio com a bola de
naftalina ,Elias tinha pouca vontade de tocar naquele corpo bafiento, do qual a qualquer momento poderia sair uma peça de artilharia completamente improvável. Mas a verdade é que Sandrina andava mais assanhada que nunca. Quando apanhava Elias amarfanhava - o nos cantos da universidade. Desabotoava a camisa e parecia não ter vergonha de exibir os seus mamilos peludos. O mesmo acontecia quando desabotoava as calças e exibia umas virilhas tão abundantes de pelo que lhe desciam até metade da coxa. (nestas alturas Elias lembrava-se dos desenhos da Walt Disney que Carrapita fazia nas suas zonas púdicas, com pouco pelo e muita cor) Estas sessões com Sandrina davam a Elias a sensação de que não sabia se tinha estado com uma mulher, ou com um polícia da régua.
Mas a verdade é que o casório já estava marcado
Mas a prosperidade económica de ambas as famílias começava a revelar algumas fragilidades.
A ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) cada vez exigia maiores contribuições da loja de relicários e o artigo vendia-se cada vez menos.
O ROC (Revisor Oficial de Contas) da empresa do pai de Sandrina anunciara a proximidade da falência!
Por outro lado o stand de automóveis do pai de Elias vendera (por engano, evidentemente) três ou quatro carros topo de gama que tinham sido fanados. A polícia tomara conhecimento (através de uma denúncia anónima encomendada por Zé Sapateiro) e calar a polícia ia custar ao pai de Elias uma fortuna (a moina de Valbom era, na época, muito exagerada nos pedidos ).
Pôr o casarão da família à venda parecia a única solução.
Mas ocorreu ao pai de Elias falar com o pai de Sandrina dado o facto de serem praticamente família.
Fez-se ao caminho para Braga e foi pedir ajuda ao Sr. Firmino dos relicários.
O que o pai de Elias pretendia de Firmino era que este lhe arranjasse uma cunha para que o Bispo do Porto lhe alugasse uma casa barata, a título provisório, das mais de mil que a SCMP (Santa Casa da Misericórdia do Porto) possuía. Firmino dos relicários disse-lhe que precisava de cunhas era para ele. E que tencionava inclusivamente pedir dinheiro ao pai de Elias para travar a falência da Loja dos relicários.
Palavra puxa palavra e a discussão azedou. O pai de Elias acabou com um crucifixo nos cornos arremessado por Firmino, que o fez sangrar tanto que até o atacante se benzeu. O auspicioso matrimónio ficou, com este episódio, em estado periclitante.

Próximo Semana: A questão mantêm-se – Elias casa com quem?

Sexto Capitulo

O NOIVADO DE ELIAS

Zé Sapateiro fez a vontade a Carrapita (praticando um coito não interrompido), porém exigiu-lhe uma contrapartida: Se Carrapita conseguisse levar Elias ao altar com o pretexto da gravidez, teria de ser sua amante até ao resto dos seus dias.
Carrapita selou este pacto até com agrado, no fundo Zé Sapateiro era homem de quem gostava, mas os seus sentimentos não iriam pôr em causa o seu projecto de vida. Carrapita nascera para o estrelato! Os tamancos de Zé Sapateiro não tinham altura para os seus voos.
Entretanto Elias não valorizou a ameaça de Carrapita e marcou a data de casório com Sandrina num ápice.
Carrapita entretanto desaparecera de circulação. Aguardava a confirmação da gravidez para o escarrapachar nas fuças de Elias.
Elias tentou saber dela, por um lado temeroso, por outro saudoso. Mas não havia sinais de Carrapita. Foi um ar que se lhe deu.
Entretanto o noivado com Sandrina transformara-se numa espécie de Carnaval com a convivência entre as duas famílias. Todos os Domingos, ao invés de Carrapita, Elias tinha Mariscada em Casa dos Pais ou Mariscada em casa de sogros. Havia uma espécie de competição entre as duas famílias que tinha transformado aquele noivado no Festival de Marisco. Iam marcando a sua supremacia pelos tamanhos da lagosta. Mas todos andavam satisfeitos com a ideia de fanarem dinheiro uns aos outros.
Entretanto Sandrina, apesar de ser um poço de virtudes, manifestava-se aos olhos de Elias com algumas imperfeições. Tinha um hálito ocre. Vestia-se de uma forma asseada, mas pouco vistosa. Emanava um certo cheiro a bafio (proveniente talvez da proximidade com
diaos relicários). Nas intimidades fazia-se muito pudica. As suas conversas com Elias centravam-se muito na nutrição dos Bovinos e dos Suínos. Mas, para além das saudades das maroteiras e gargalhadas de Carrapita, Elias andava circunspecto com um acontecimento traumático que tivera com Sandrina. Certo após, o término das aulas de ambos, Elias levou Sandrina para um jardim perto da faculdade. Andava com os calores e começou a apertar Sandrina com Veemência. Sandrina entusiasmou-se e, de repente, de entre as pernas de Sandrina, que se ia fazendo rogada, saiu uma bola de naftalina. Elias ficou estático e olhou para Sandrina com ar interrogador. Sandrina, muito roborizada, disse: “ A minha mãe diz-me para eu introduzir a Naftalina por causa das infecções e da Traça”.
Elias ficou esquálido. Perdeu o entusiasmo sexual por uns largos dias.

Próximo Semana: ELIAS CASA! COM QUEM?

(Todos os textos são reservados os direitos de autor, Desenhos by web)

Quinto Capitulo

ELIAS NOIVA, MAS NÃO COM CARRAPITA.

Apesar do trauma da sodomização, Carrapita continuou com as suas fugas domingueiras para a bouça. Durante a semana não se encontravam, pois Elias passava o dia todo na Universidade de Famalicão a concluir o Curso Superior de Resíduos Industriais. Tinha em mente um estágio nos EUA, país onde imaginava conhecer centenas de Carrapitas. (Carrapita tinha-lhe apurado o gosto pelos comportamentos obscenos.)
Carrapita, ao contrário, tinha menos responsabilidades. Tinha pouco jeito para tarefas domésticas.
Passava os dias nas lojas chinesas a comprar lingerie com plumas e aberturas para impressionar Elias aos Domingos.
Os pais de Carrapita bem queriam que ela se ocupasse. Arranjaram-lhe inclusivamente uma cunha para uma fábrica de conservas em Matosinhos, mas Carrapita não dava sinais de se querer instalar na vida à custa do trabalho. Ganhava uns trocados a fazer, de quando em vez, consultas de Tarot às raparigas de Valbom e de Baguim do Monte. Vendia também, esporadicamente, telemóveis em 2ª, 3ª e 4ª mão. Este negócio era feito em parceria com o Zé Sapateiro que embora ressentidíssimo com o facto de ter sido preterido por Carrapita, gostava de lhe patrocinar a boa vida para ver até que ponto é que ela ia.
Os encontros com Elias, como tudo na vida que é novo e se faz antigo, começaram a esmorecer. Sobretudo para Elias que achava ter tirado desta relação tudo o que devia (e não exactamente o que queria). Não queria desgostar a mãe. Um casamento com alguém como Carrapita seria o fim de todo um projecto trabalhado ao pormenor por mãe e filho.
Ora nesse sentido, Elias tinha iniciado um namoro sério com uma rapariga de Braga. A namorada oficial de Elias chamava-se Sandrina e era muito devota e respeitadora. Ao que Elias pôde apurar era muito endinheirada. A família tinha um negócio de relicários muito antigo, em Braga, e que rendia quase tanto como o stand de automóveis do pai de Elias. Era a noiva que mãe de Elias desejava. Sandrina era excelente aluna e estava exactamente no último ano do Curso Superior de Nutricionismo para Suínos e Bovinos, no Instituto Politécnico de Famalicão.
Certo Domingo Elias foi ter com Carrapita à Bouça, como de costume, e anunciou-lhe que estava noivo. Carrapita encrespou-se e pontapeou-o com toda força nas bolinhas que se transformaram em duas couves roxas. Elias caiu agoniado no chão! Carrapita olhou-o no fundo dos olhos e disse-lhe:
- Tu estás noivo e eu estou grávida.
A Verdade é que Carrapita não estava grávida e teve, nesse mesmo dia, de dispor dos serviços de Zé Sapateiro para levar os seus objectivos a bom porto.
Zé Sapateiro não se negou ao serviço: era refém dos caprichos de Carrapita.

Na próxima semana: O Noivado de Elias

(Todos os textos são reservados os direitos de autor, Desenhos by web)

1 comentários:
Madalena Claro disse...

Estes episódios da Carrapita estão a deixar-me numa tremenda ansiedade... Não sei aonde esta rapariga, movida pelos seus caprichos, vai parar... Coitado do Zé Sapateiro, do Elias e dos restantes homens que se atravessarem no seu caminho... Bolas!!

Quarto Capitulo


CARRAPITA E ELIAS NA BOUÇA

Após a ameaça de enfarte com a visão de Carrapita, Elias voltou a ligar o sistema urinário, sanguíneo e respiratório e, invadido por um laivo de racionalidade, pensou “é agora que te vou trinchar.”
Foram meses de desejos reprimidos, tentativas de aproximação fracassadas, bloqueios provocados, não só pelas crises de flatulência, mas também pelo medo da censura da Mãe.
A mãe de Elias era cabeleireira, tinha uns 40 diplomas de Mérito de Cortes de Cabelo e tintas, escritos em Francês e português, alguns forjados por ela, outros da Kerastase. Era uma mulher de grandes projectos. O seu salão para além, das actividades comuns, tinha um serviço de massagens esotéricas, que libertavam os espíritos e como ela dizia “ As invejidades”. Mas tinha grandes projectos para o filho. Carrapita não fazia parte deles. Ainda mais que Elias estava mesmo a concluir o Curso de Gestão de Resíduos Industriais que na Cabeça da mãe era de grande futuro.
Perante aquela visão de Carrapita “ à moda da Bairrada”, Elias desceu as escadas precipitada e sofregamente e num segundo estava na Bouça em frente a Carrapita a suar como um porco. Nem se falaram (também não era a especialidade de Carrapita) amarfanharam-se um no outro, de tal forma que Elias acabou com a cabeça enfiada num frigorífico enferrujado e Carrapita com uma mama entalada num tacho furado que compunha aquela paisagem. Mas o lixo electrónico da bouça não os demovia e passaram a tarde toda no pecado. Pecaram de todas as formas concebidas até pelas mentes menos recomendáveis. Carrapita foi para casa, já não se tinha nas pernas.
Exausta comeu, arrastando os talheres, e, antes de se deitar, como de costume, foi obrar. Mas estranhamente este acto foi especialmente doloroso. Além disso verificou que sangrava a rodos! Carrapita encrespou-se! Fora sodomisada e não dera conta.

Na Próxima semana:ELIAS NOIVA, MAS NÃO COM CARRAPITA.

(Todos os textos são reservados os direitos de autor, Desenhos by web)

2 comentários:

Anónimo disse...

Adoro a Carrapita miuda endiabrada!!!!!

Anónimo disse...

Não é credível que a Carrapita tenha sido enrabada e não tenha dado por ela mesmo que já tivesse o cú muito alargado - nessa altura não lhe iria doer a seguir. E porque iria sentir-se irritada se pôs a bilha a jeito?

Terceiro Capitulo


CARRAPITA VAI Á LUTA (hoje na 3º pessoa)

Carrapita decidiu a sua vida, não no momento em que viu o Elias, mas no momento, em que viu o pai de Elias a construir uma piscina na casa muito cor-de-rosa. Até porque o Elias, sendo bom rapaz, não era lá muito bem apessoado. Era o estilo gordalhufo, cabelo crespo e uma com pele onde as borbulhas proliferavam. Além disso em casa da Carrapita a penúria era cada vez maior. Os pitos do pai tinham apanhado uma tinha esquisita e não se vendiam. A mãe já só cerzia os vestidos que Aurélia mandava de França para a Carrapita.
Mas Elias era um rapaz guloso e não só nos comes. Padecia do mal da timidez. Mas quando via uma mulher bem fornecida a passar-lhe pela frente, até lhe parava a digestão. Os olhos pequeninos, engrandeciam e pareciam dois cocos a saltarem-lhe das órbitas. Carrapita era uma mulher bem lançada, 1, 75 m de mau caminho. Vestia bem de cara. E os vestidos que vinham de França ficavam-lhe a matar. Especialmente os aderentes que lhe insinuavam as formas soberbas de “garrafa de coca cola.”. Os decotes, sempre generosos, revelavam duas fabulosas melancias que Elias se pelava por provar. Ora, embora pouco letrada, Carrapita sabia o que valia. E andava naquele arrasto de olhares e poses com o Elias e a coisa parecia não desenvolver. Cada vez que Elias se aproximava para lhe falar, entrava num nervoso tal que desencadeava uma crise de flatulência que o levava a fugir de qualquer mortal. Zé Sapateiro ia apreciando estas cenas de sedução mal esgalhadas de longe… Sabia que tinha perdido a Carrapita por causa de meia dúzia de cifrões, mas ninguém lhe tirava da cabeça que ela ainda lhe iria comer à mão. Farta da falta de despacho do Elias e, já com sabedoria suficiente para saber que tinha de saltar a parte da conversa, se não nem para a frente nem para trás, Carrapita foi à luta. Um Domingo de manhã decidiu pôr-se em trajes de menores e fazer de conta que ia tomar banhos de sol para uma “bouça” que ladeava a casa de Elias. Aliás a janela do quarto de Elias dava precisamente para essa pequena bouça , onde para além da Carrapita, o que se via, nesse domingo, era um entulho de lixo electrónico. Elias abriu a janela nesse Domingo de manhã e a sensação que o invadiu foi semelhante ao do início de um enfarte. Estava uma manhã de Sol radioso em Valbom.

Para Semana:
CARRAPITA E ELIAS NA BOUÇA

(Todos os textos são reserervados a direitos de autor, Desenhos by web)


Comentários:
Maryj :disse...

A mim, faz-me lembrar os velhos romances de Jane Austen, em particular: "Persuasão" so que aqui a raperiga tinha mais dinheiro e menos talento para procurar moitas.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Segundo Capitulo

segunda-feira, 28 de Setembro de 2009

Nasci em 1971, em Valbom.

Vim a saber mais tarde que não estava previsto eu nascer. A minha mãe tinha parido há menos de um ano e a Médica preveniu-a de que tão cedo não devia engravidar. Mas a verdade é que, fruto do que a minha mãe diz ter sido um coito interrompido, nasci eu. Claro está com problemas de identidade. Ainda hoje quando o meu ginecologista me diz – Menina use o preservativo, porque se não chover chuvisca- eu lembro-me da forma desajeitada como fui concebida.
A minha mãe, Eleutéria, era cerzideira. O meu pai, Augusto, tinha uns negócios estranhos em Bagium do Monte. Penso que vendia pitos de aviário, mas não declarava os rendimentos ao estado.
Na altura Valbon era lindo e, embora vivêssemos com parcos recursos, éramos por assim dizer, uma família equilibrada. A minha irmã mais velha, com quem sempre me dei bem, pelos 18 anos anunciou aos mais pais que queria fazer a ménage na França e pôs-se ao fresco. O meu irmão seguiu-lhe o destino e foi para França conduzir autocarros. Fiquei um bocadito desasada, mas tive de me aguentar.
Aos 18 anos a pobreza já pesa. E eu queria ser alguém! Na altura o Cristiano Ronaldo não
aparecia na televisão, mas já havia uma série de coisas que faziam de mim uma deslumbrada. A minha passagem pelas sucessivas escolas tinha –me ensinado que as meninas com mais poder de sedução eram ricas. Libertei-me pois da minha paixão funesta pelo Zé sapateiro e lancei-me na sedução do Elias. O Elias era um rapaz que vivia numa casa em frente à minha.
A casa do Elias parecia a casa da Barbie! Linda casa! Tinha umas arcadas suportadas por uns pilares ao estilo grego e era muito cor de rosa. O pai do Elias tinha um stand de automóveis que rendia à brava, e pôs o Elias a estudar para Doutor. A minha irmã enviava-me de França os vestidos que as patroas deitavam fora e, eu, fazia um brilharete com o Elias. O Zé sapateiro aguentava-se à bronca, mas tinha uns tiques de vingança. Arranjava-me os sapatos com os pregos para dentro e eu dava cabo dos pés.


(fotografia na casa do Elias em 1989)

Para a semana: CARRAPITA VAI Á LUTA

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