sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Segundo Capitulo

segunda-feira, 28 de Setembro de 2009

Nasci em 1971, em Valbom.

Vim a saber mais tarde que não estava previsto eu nascer. A minha mãe tinha parido há menos de um ano e a Médica preveniu-a de que tão cedo não devia engravidar. Mas a verdade é que, fruto do que a minha mãe diz ter sido um coito interrompido, nasci eu. Claro está com problemas de identidade. Ainda hoje quando o meu ginecologista me diz – Menina use o preservativo, porque se não chover chuvisca- eu lembro-me da forma desajeitada como fui concebida.
A minha mãe, Eleutéria, era cerzideira. O meu pai, Augusto, tinha uns negócios estranhos em Bagium do Monte. Penso que vendia pitos de aviário, mas não declarava os rendimentos ao estado.
Na altura Valbon era lindo e, embora vivêssemos com parcos recursos, éramos por assim dizer, uma família equilibrada. A minha irmã mais velha, com quem sempre me dei bem, pelos 18 anos anunciou aos mais pais que queria fazer a ménage na França e pôs-se ao fresco. O meu irmão seguiu-lhe o destino e foi para França conduzir autocarros. Fiquei um bocadito desasada, mas tive de me aguentar.
Aos 18 anos a pobreza já pesa. E eu queria ser alguém! Na altura o Cristiano Ronaldo não
aparecia na televisão, mas já havia uma série de coisas que faziam de mim uma deslumbrada. A minha passagem pelas sucessivas escolas tinha –me ensinado que as meninas com mais poder de sedução eram ricas. Libertei-me pois da minha paixão funesta pelo Zé sapateiro e lancei-me na sedução do Elias. O Elias era um rapaz que vivia numa casa em frente à minha.
A casa do Elias parecia a casa da Barbie! Linda casa! Tinha umas arcadas suportadas por uns pilares ao estilo grego e era muito cor de rosa. O pai do Elias tinha um stand de automóveis que rendia à brava, e pôs o Elias a estudar para Doutor. A minha irmã enviava-me de França os vestidos que as patroas deitavam fora e, eu, fazia um brilharete com o Elias. O Zé sapateiro aguentava-se à bronca, mas tinha uns tiques de vingança. Arranjava-me os sapatos com os pregos para dentro e eu dava cabo dos pés.


(fotografia na casa do Elias em 1989)

Para a semana: CARRAPITA VAI Á LUTA

(Todos os textos são reserervados a direitos de autor, Desenhos by web)

primeiro capitulo de "As Aventuras de a Carrapita"

A Carrapita em poucas linhas.

Antes de tudo cabe-me agradecer o convite que me foi dirigido pela Dona deste blogue para fazermos uma parceria. Bem… não é bem uma parceria. A Dona deste Blogue teve o altruísmo de me dar um espaço para eu despejar o meu fel. E como percebeu que o meu estado era grave, há-de ter pensado: “ é melhor deixá-la escrever se não ainda mata alguém.”Devo acrescentar que Dona deste blogue é alguém que eu estimo e admiro muito e, por isso, ela terá de perdoar as minhas heresias. Sendo que, o que aqui for dito é da minha total responsabilidade. (eu própria, a Carrapita).



Sou mulher e, como todas as mulheres do século XXI, pendo para o desequilibrado.
Ou seja: tomo xanax, tenho estados de depressão vegetativos, tenho mania que quero estabilidade, mas caminho sempre no sentido contrário, porque acho que todas as semanas tenho direito a um the end Holywodesco.(embora diga mal dos americanos). Como tal o realismo é uma coisa que não impera por estas bandas.

Reúno com as amigas em concílio sagrado para dissecar ao mílimetro o comportamento dos homens, ao estilo, “ele espirrou!O que é que isto quererá dizer?”
Tenho a mania que estou óptima para idade e vivo disfarçadamente obcecada pelas calças número 36. Só não sou vegetariana porque me lembro das Vacas. E, embora muito liberal, ser vaca parece mal…

Até para a semana!
A Carrapita (a própria)

Na próxima semana: Da Infância á Adolescência

fotografia (eu em valbom, em 1990)

(Todos os textos são reserervados a direitos de autor, Desenhos by web)

1 comentários:

Rui disse...

Meu Deus...
Depois da bandeirinha da Opus Gay na comemoração da vitoria do Socrates, só mesmo esta novidade. Como na vitória do Sócrates discursou o António Costa, se este ganhar a Câmara de Lisboa, cheira-me a novidades nas noivas de Sto António do próximo ano.
Agora, melhor que as novidades do social, só mesmo esta fabulosa rábula das aventuras de alguém parecido com quem tu sabes que eu sei que és parecida, Carrapita. Já ansiava por algo bombástico neste blogue. Afinal, os meus anseios foram satisfeitos.

P.S.: Só falta um carrapito que se apaixone e vire o "trengo" da história...